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Vida e Morte de um Herói do 13 BC - Capítulo XXI
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Arquivo do autor - Etelvino e Lourdes, pais de três filhos e avós de vários netos
Da Redação/18/4/2022 - 20h58 min - Aconteceu o que a irmã do herói havia vaticinado ao ouvir Lourdes cantando "Beijnho Doce". Nascia um novo amor acenando para a volta à tão merecida felicidade. Etelvino Silveira de Souza também estava apaixonado pela bela filha da prima de seu pai. O amor fez com que Etelvino passasse a consumir bebidas alcoólicas somente em ocasiões especiais. Dentro de poucos meses acontecia o noivado, anúncio de uma união plenamente aprovada pelos pais dos noivos. O casamento, além de concretizar o sonho dos noivos fortalecia os laços familiares pelo fato de uma das irmãs de Etelvino estar casada com um irmão de Lourdes.
Habituado ao trabalho desde criança, a falta de uma ocupação para oferecer segurança à nova família martelava a mente de Etelvino. Seu aprendizado antes de partir para a guerra, na olaria do pai em Joinville, foi sua opção. Etelvino vendeu a grande propriedade que possuía na Ponta de Baixo, em São José e adquiriu casa na localidade de Barreiros, no mesmo município, onde passou a morar com a esposa. Lá instalou uma pequena olaria e iniciou a produção de louças em pequenos tamanhos, conhecidas por "loucinhas" muito usadas por crianças como parte de seus brinquedos.
Dias felizes vivia Etelvino, apesar do grande esforço para manter a família que aumentava com o nascimento de filhos. Além de produzir e levar a produção ao forno, pelo menos uma vez por semana acordava ainda na madrugada para entregar loucinhas o que fazia de bicicleta. Foram muitas as vezes que a primeira luz dia encontrou o herói sobre a ponte Hercílio Luz pedalando em direção ao Mercado Municipal de Florianópolis.
Apesar do esforço que o trabalho exigia Etelvino não lamentava, estava habituado. Afinal, a vida nunca lhe fora fácil desde tempos em que ajudava o pai a remar na canoa de um pau só, enfrentando tempestades no transporte de louças de barro de Joinville para São Francisco do Sul. Depois, as duras batalhas de Montese e Monte Castelo, na Itália, amentaram sua coragem e experiência para vencer desafios.
Etelvino sentia que finalmente o destino ingrato resolvera dar uma trégua. Seu prognóstico se confirmava pela oferta de emprego federal na Escola de Aprendizes Marinheiros, em Barreiros, área continental de Florianópolis. A espécie de trabalho e o salário estavam longe de se constituir num prêmio ao herói. Manejando o cabo da enxada e de outras ferramentas, passou a trabalhar na horta de Escola até a aposentadoria, sem deixar de fabricar loucinhas de barro para reforçar o orçamento, agora com a ajuda dos filhos.
Para comprovar que o destino havia resolvido reparar o mal causado ao nosso destemido herói, chega notícia sobre a concessão de pensão aos ex-combatentes. Os ex-pracinhas que haviam integrado os escalões da FEB - Força Expedicionária Brasileira - passariam a receber do governo federal uma pensão no valor igual áquela deixada por um 2º Tenente das Forças Armadas.
Com três filhos já casados, o herói conhecia agora com a esposa Lourdes, a alegria da chegada de netos. Finalmente vivia a felicidade que vida lhe havia negado. Postagem de novo capítulo no dia 25/4/2022.
Importante: Para visualizar os capítulos anteriores basta acessar o Google e digitar Vida e Morte de um Herói do 13 BC
Ary Silveira de Souza - Editor do JI Online
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